Quando vemos uma grande invenção como a roda ou a lâmpada elétrica, tendemos a pensar que ela é sempre o resultado de um momento mágico, uma inspiração divina, um estalo da mente. É claro que no processo criativo há um momento final de inspiração, em que os elementos se combinam e a idéia se cristaliza. No entanto, normalmente este momento é precedido de um demorado e árduo trabalho de pesquisas, tentativas, fracassos e acertos. Antes da inspiração há muita transpiração, mas a história só dá destaque ao momento final, o ato mágico da criação, dando a impressão do brilho instantâneo. Tanto que a criatividade é normalmente representada por uma lâmpada acesa ou por um raio. Em muitos casos, a verdade é outra. Algumas invenções resultam de muita persistência por parte de uma pessoa ou de uma equipe. Outras resultam de sucessivas contribuições isoladas de muitas pessoas, ou seja, da acumulação de pequenos avanços ao longo de muitos anos, ou mesmo séculos. Vejamos dois exemplos para ilustrar este processo.
A invenção da roda
A roda é provavelmente a mais importante invenção mecânica de todos os tempos. Quase todas as máquinas contêm a aplicação do princípio de um componente simétrico girando em torno de um eixo. Das pequenas engrenagens de um relógio, às rodas de automóveis, hélices dos aviões e discos rígidos de computadores, o princípio é o mesmo.
A roda mais antiga conhecida foi encontrada na Mesopotâmia e, provavelmente, data de 3.500 AC. Acredita-se que foi feita pelos sumérios, usando-se pranchas de madeira. A figura abaixo ilustra os estágios de desenvolvimento da roda.
Estágio um: colocação de toras de madeira debaixo de objetos pesados, facilitando sua movimentação.
Estágio dois: invenção do trenó para facilitar o arrasto de cargas pesadas.
Estágio três: combinação do trenó com toras. O trenó corria sobre toras colocadas uma após a outra.
Estágio quatro: com o uso repetido, o trenó criava sulcos nas toras. Os povos antigos observaram que os sulcos profundos permitiam que o trenó avançasse uma distância maior antes que uma nova tora fosse necessária.
Estágio cinco: As toras foram alteradas para rodas. A madeira entre os sulcos foi retirada para formar um eixo que se apoiava em mancais de madeira presos ao corpo do trenó. O primeiro carro de madeira foi inventado.
Estágio seis: uma pequena melhoria foi feita no carro: a separação das rodas e do eixo. O eixo se encaixa no furo no centro da roda e passa através de furos no chassi do trenó.
Nos séculos seguintes, várias melhorias foram introduzidas pelos egípcios, indianos, chineses, gregos e romanos.
A invenção da lâmpada elétrica
O mundo moderno é um mundo eletrificado. A lâmpada elétrica, em particular, mudou profundamente a existência humana pela iluminação da noite, facilitando a realização de uma vasta gama de atividades noturnas e melhorando a segurança das cidades.
A lâmpada que hoje usamos foi inventada por Thomas Alva Edison em 1879. Desde 1910, ela é formada por um bulbo de vidro contendo um gás inerte e um filamento de tungstênio por onde passa a corrente elétrica. A energia elétrica faz com que o filamento atinja uma alta temperatura e se torne incandescente.
Embora Edison mereça o crédito, ele não foi a primeira nem a única pessoa a trabalhar na invenção da lâmpada incandescente. Desde 1809 vários pesquisadores tentavam desenvolver uma lâmpada eficiente, durável e econômica. O grande problema a resolver era conseguir um filamento que não se consumisse com o calor. Os primeiros filamentos testados eram de madeira ou papel carbonizado, duravam poucas horas, virando cinzas. Os de metal se derretiam rapidamente.
Entre 1878 e 1880 Edison e sua equipe testaram mais de 3.000 teorias para solucionar este problema. Tentaram milhares de materiais dos mais diversos tipos e origens. Ele reconheceu que o trabalho foi tedioso e muito exigente, especialmente para sua equipe. “Antes de chegar a uma solução,” ele lembrou, “eu testei nada menos de 6.000 espécies de vegetais, e revirei o mundo em busca do material mais apropriado.”
Em 1880 ele desenvolveu um filamento derivado de bambu carbonizado que durou 1.200 horas e deu início à sua comercialização. Em 1910, Willian David Coolidge inventou um método econômico para a produção de filamento de tungstênio, que substituiu os outros tipos de filamentos usados até aquela data.
Se você examinar outras invenções, como o telefone, o computador e a Internet, você encontrará histórias com enrêdos muito semelhantes: trabalho árduo e disciplinado; persistência; mente aberta e atenta e a capacidade de se recuperar de fracassos e seguir adiante.
Postado por: Alysson Brenner.
Fonte: Criatividade Aplicada / http://criatividadeaplicada.com/2007/02/04/anatomia-das-grandes-invencoes/.
Nenhum comentário:
Postar um comentário